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Ao encontro da Aurora

Um comboio de vidro no coração do Ártico ao encontro da Aurora

Quem não gostaria de viajar num comboio transparente, no Ártico profundo, para observar as auroras boreais no seu auge?

Viajar até ao Ártico para observar auroras boreais não é novo. Atualmente, a novidade é mesmo o comboio e a forma como este convida os passageiros a olhar para cima. Os vagões foram concebidos com teto e paredes de vidro reforçado, capazes de suportar as temperaturas extremas do inverno ártico. Os assentos, inclinados em direção ao céu, convidam à contemplação de um dos fenómenos científicos mais belos. A iluminação mínima é mais do que um pormenor estético, pois permite a adaptação dos olhos ao escuro para observar todas as nuances luminosas. Todas estas características prometem uma experiência única!

No entanto, por mais belo que o fenómeno seja, a aurora boreal é o resultado de interações perfeitamente mensuráveis entre partículas solares e o campo magnético terrestre. Em termos rigorosos, tudo começa no Sol, cuja atividade varia em ciclos de aproximadamente 11 anos. Durante os períodos de maior atividade, ocorrem erupções e ejeções de massa coronal que libertam eletrões e protões em direção ao espaço. Quando estas partículas atingem a Terra, o campo magnético desvia-as para as regiões polares. Ao penetrar na atmosfera superior, colidem com as moléculas de oxigénio e azoto, excitando-as. O retorno destas moléculas ao seu estado energético original liberta fotões — partículas de luz — que compõem os véus e espirais que conhecemos como aurora (boreal, se for visível no hemisfério norte e austral quando é visível no hemisfério sul).

O percurso do comboio coincide precisamente com a fase de maior intensidade geomagnética, aumentando a probabilidade de observar auroras bem fortes.

Enquanto as luzes dançam no exterior, os passageiros acompanham, no interior do comboio, com todo o rigor científico, o que está a acontecer naquele momento.

Esta iniciativa mostra também que é possível promover o turismo em zonas sensíveis sem aumentar o impacto ambiental, uma vez que todo o sistema ferroviário é alimentado por energia proveniente de fontes renováveis. É um bom exemplo de como o turismo e a responsabilidade ambiental podem coexistir.

Eu, que fico longos períodos de tempo na varanda a contemplar a Lua, imagino-me a bordo deste planetário em movimento: enquanto o comboio avança silencioso sobre a neve e o céu se ilumina, reclino-me para trás e contemplo os véus coloridos, deixando-me deslumbrar com a beleza da Física!

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