A 8 de janeiro celebra-se o Dia da Rotação da Terra. Em 1851, e com um simples pêndulo oscilando livremente no Panteão de Paris, Léon Foucault provou ao mundo que o nosso planeta gira. Quase dois séculos depois, a humanidade não apenas compreende a rotação terrestre, como consegue alterá-la!
Na China, a barragem das Três Gargantas é uma obra-prima da engenharia moderna que gera 22.500 MW de energia limpa. Para isso, os engenheiros projetaram uma estrutura capaz de suportar 42 mil milhões de toneladas de água a 175 metros acima do nível do mar, longe de imaginar que esta massa de água colossal acabaria por alterar a rotação do planeta!
O projeto ultrapassou as fronteiras da engenharia civil e invadiu outros domínios da Ciência, incluindo a física planetária! Uma construção local com um impacto global (literalmente)!
Este fenómeno coloca-nos uma questão crucial: como preparar os futuros cientistas e engenheiros para um mundo onde uma única estrutura tem consequências a nivel planetário? O nosso modelo atual de ensino está demasiado compartimentado em disciplinas estanques. Precisamos de mentes que dominem a sua especialidade, mas que compreendam as relações com outras áreas. O trabalho em equipa multidisciplinar será, portanto, fundamental e reflete a natureza do nosso planeta: um sistema complexo onde tudo está intimamente relacionado.
A alteração da inclinação do eixo de rotação da Terra é uma realidade. No entanto, já há outra barragem planeada, ainda maior do que a primeira. Outras megaconstruções se seguirão. Estaremos preparados para assumir as consequências?