24 de Agosto de 2006 – o dia em que o Sistema Solar perdeu um Planeta
Em 24 de agosto de 2006, o universo do conhecimento humano sobre o Sistema Solar passou por uma redefinição drástica. Neste dia, a União Astronómica Internacional (IAU) anunciou que Plutão, que desde a sua descoberta, em 1930 era considerado o nono planeta do Sistema Solar, deixou de ser classificado como tal. Mas por que razão Plutão perdeu o seu estatuto planetário?
A descoberta de Plutão e o seu longo reinado
Plutão foi descoberto a 18 de fevereiro de 1930 pelo astrónomo americano Clyde Tombaugh, no Observatório Lowell, no Arizona. A procura deste planeta foi impulsionada por anomalias nas órbitas de Úrano e Neptuno, que sugeriam a existência de outro corpo celeste. Tombaugh, após um trabalho meticuloso de comparação de fotografias do céu noturno, identificou o pequeno e distante Plutão, que foi considerado o nono planeta do Sistema Solar durante 76 anos.
No entanto, à medida que a tecnologia avançou, as descobertas na região para além de Neptuno – conhecida como Cintura de Kuiper – começaram a levantar algumas questões sobre a classificação de Plutão. Astros como Éris, descoberto em 2005, e que é até maior do que Plutão, forçaram os astrónomos a rever a definição de planeta.
A redefinição do conceito de Planeta
O evento de 24 de agosto de 2006 ocorreu durante a 26ª Assembleia Geral da IAU, realizada em Praga, na República Checa. Diante da necessidade de resolver a crescente confusão sobre o estatuto de Plutão, a IAU estabeleceu uma definição oficial do que é um planeta, baseada em três critérios principais:
- Órbita ao redor do Sol: Para ser considerado um planeta, um objeto deve estar em órbita ao redor do Sol.
- Forma esférica: O objeto deve ter massa suficiente para que sua gravidade o molde numa forma aproximadamente esférica.
- Domínio orbital: O critério mais crucial, e o que resultou na “desclassificação” de Plutão, é que o objeto deve ter a sua vizinhança orbital “limpa”, ou seja, deve ser o astro dominante, a nível gravitacional, ao ponto de remover ou incorporar qualquer corpo da sua órbita.
Embora Plutão cumpra os dois primeiros requisitos, falha o terceiro. A sua órbita é compartilhada com outros objetos no Cinturão de Kuiper (Éris, por exemplo), o que significa que Plutão não é gravitacionalmente dominante na região onde se encontra. Por isso, Plutão foi reclassificado como um “planeta anão”, uma nova categoria introduzida pela IAU nessa altura.
As repercussões da reclassificação
A decisão de despromover Plutão gerou reações diversas. Para muitos, especialmente aqueles que cresceram aprendendo que o Sistema Solar possuía nove planetas, foi uma mudança difícil de aceitar. O debate sobre a definição de planeta é, em parte, filosófico, pois baseia-se na forma como observamos e compreendemos o cosmos. Mesmo hoje, muitos astrónomos e cientistas argumentam que a definição da IAU é demasiado restritiva ou incompleta.
No entanto, e apesar do seu novo estatuto, Plutão continua a fascinar os cientistas e demais entusiastas. A missão New Horizons da NASA, que passou por Plutão em 2015, revelou um mundo complexo e dinâmico, com montanhas de gelo, vastas planícies e uma fina atmosfera.
Estas descobertas mostraram que, independente da sua classificação, Plutão é um corpo celeste digno de estudo e admiração.
Conclusão
O dia 24 de agosto de 2006 marcou uma mudança significativa na forma como entendemos o Sistema Solar. Longe de diminuir o seu valor, este acontecimento reforça a ideia de que o nosso conhecimento científico está em constante evolução. Plutão pode já não ser considerado um planeta, mas a sua importância na história da ciência e na imaginação popular permanece imutável. I ❤️ Plutão!