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Conversas ao Telescópio

Sabia que Júpiter não passa de uma estrela falhada? Se tivesse atingido a massa crítica, teríamos duas estrelas no nosso sistema planetário, o que tornaria inviável a vida na Terra! E sabia que a Terra e a Lua tiveram, afinal, uma origem comum? Ou que os buracos negros não são todos iguais? É que uns são de origem estelar e outros são super massivos, habitualmente no centro das galáxias!

Entre a conversa fomos observando o céu noturno, já conformados com a impossibilidade de visualizar os anéis de Saturno… ainda era cedo! Também havia demasiada poluição luminosa para observar nebulosas e a Via Láctea… Ficámo-nos por algumas estrelas que, por estarem tão longe, continuavam a ser pontinhos luminosos. Mas, para mim, a verdadeira “estrela” da noite foi, sem sombra de dúvida, a Lua! É ainda mais bonita vista pelo telescópio: brilhante e resplandecente. Galileu teria ficado fascinado com este telescópio!

Impressionou-me a curiosidade e o interesse daquele grupo de pessoas, de várias idades, a ouvir atentamente, a colocar questões, a procurar respostas. Alguns, munidos de aplicações nos seus telemóveis, tentavam complementar a informação, mapeando o céu.

Sondávamos aquele astrónomo à procura de notícias de muito longe. Mas nem os astrónomos possuem respostas para todas as nossas perguntas. Sabem descrever a evolução do Universo, mas não sabem o porquê de ter acontecido assim e não de outra forma. Sabem que o Universo está em expansão, mas não sabem de onde vem a energia que o move… ainda há tanto para descobrir e tanto para aprender!

Entretanto, muito delicadamente, o astrónomo deu a sessão por terminada: Saturno ainda demorava e havia a viagem de regresso ao Porto. O grupo permanecia… parecia não ter vontade de o largar. A conversa informal, sem os termos técnicos e jargões da área, juntamente com o seu entusiasmo, tinham há muito agarrado o público. Explicar conceitos e fenómenos da Astronomia aos “comuns mortais” (*) não é fácil, mas ele fazia-o, sem grande dificuldade. Fez-nos ver que, por enorme que seja o Universo, não devemos sentir-nos insignificantes: porque apesar de minúsculos à escala astronómica, somos os únicos, nesta imensidão, capazes de chorar e de amar. E podemos fazê-lo todos os dias da nossa vida. Esta pode curta, comparativamente à das estrelas, mas é, indubitavelmente, muito mais intensa.

Para quem ia apenas observar os astros, foi uma excelente lição!

(*) Para mim, os astrónomos (assim como os cientistas em geral) não são comuns mortais. Ou melhor: são mortais, claro, mas não comuns! É graças a eles que a humanidade avança!

02/08 | Noite dos Astros | Parque da Devesa e Planetário do Porto

Informações adicionais:

Para quem ficou com vontade de “ver estrelas”, não faltarão oportunidades neste verão. Há sessões agendadas um pouco por todo o país!

Vale a pena parar um pouco, olhar para cima… e perceber como a vida é importante, cá em baixo.

E, para quem quer fugir à poluição luminosa, fica a dica: o céu noturno da Ciudad Rodrigo, perto de Salamanca, é um dos melhores da Europa!

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