O efeito Ghibli — que transforma fotos comuns em imagens no estilo dos filmes do Studio Ghibli — viralizou nas redes sociais. Mas esta febre, aparentemente inofensiva, transformou-se rapidamente num enorme pesadelo!
Para que os algoritmos consigam recriar esta magia, há uma exigência imensa de processamento computacional. Cada resposta de 100 palavras produzida pelo Chat GPT, por exemplo, implica um consumo médio de 0,14 quilowatts-hora (kWh), o suficiente para alimentar 14 lâmpadas LED durante uma hora. Gerar imagens é uma tarefa bem mais complexa, pelo que a quantidade de energia envolvida é maior. Multiplicado por milhões de utilizadores, o impacto é avassalador.
No auge da nova tendência, 1 milhão de novos utilizadores entraram na plataforma em apenas 1 hora! Num único dia foram geradas 3 milhões de imagens!
E, como sabemos, onde há corrente elétrica intensa, há também o efeito Joule: transformação da energia elétrica em energia térmica, sempre que a corrente elétrica atravessa um condutor. Esta quantidade de energia térmica é transferida para o exterior do condutor sob a forma de calor. Se não for controlado, este calor pode danificar servidores inteiros, pelo que é necessário usar sistemas de refrigeração com água. Calcula-se que durante os 60 minutos de atividade mais intensa por parte dos utilizadores afetados por esta febre, o gasto de água foi de, aproximadamente, 75 mil litros!
Assim, e para proteger os servidores, os responsáveis foram forçados a impor restrições temporárias aos utilizadores destas plataformas!
Além da pegada ambiental, há o debate sobre propriedade intelectual. Apesar do nome “efeito Ghibli”, muitas dessas ferramentas não foram autorizadas pelo próprio Studio Ghibli. Estão a ser colocadas questões legais sobre os direitos autorais relativos à apropriação estética e o uso indevido da identidade visual de um estúdio que sempre zelou pela sua produção artística.
Por fim, todo este encantamento visual também esconde riscos à privacidade e segurança pessoal. Ao usar as suas próprias fotografias — muitas vezes de rostos, casas ou famílias — os utilizadores entregam dados sensíveis a plataformas cuja política nem sempre é transparente. Esses dados podem ser armazenados, usados para treinar outras inteligências artificiais, ou mesmo comercializados sem o conhecimento dos envolvidos.
Diante de tudo isto, fica a pergunta: porquê? É mesmo necessário transformar cada imagem numa versão “fofa” e estilizada? O espírito crítico é mais urgente do que nunca! Antes de embarcar no entusiasmo coletivo, o desafio é, justamente, parar e pensar!